O apóstolo Paulo falando sobre a humilhação de Cristo, escreve: “A si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.8). Cristo se esvaziou e se humilhou quando ele se fez homem. Depois desceu mais um degrau nessa escalada da humilhação, quando se fez servo; mas, desceu às profundezas da humilhação quando suportou a morte e morte de cruz. Por seu sacrifício, ele transformou esse horrendo patíbulo de morte no símbolo mais glorioso do Cristianismo (Gl 6.14).

A cruz de Cristo é a grande ênfase de toda a Bíblia, tanto do Velho como do Novo Testamento (Lc 24.25-27). Dois quintos do Evangelho de Mateus são dedicados à última semana de Jesus em Jerusalém. Mais de três quintos do Evangelho de Marcos, um terço do Evangelho de Lucas e quase a metade do Evangelho de João dão a mesma ênfase. O apóstolo João fala da crucificação de Cristo como a “a hora” vital para a qual Cristo veio ao mundo e seu ministério foi exercido (Jo 2.4; 7.30; 8.20; 12.23; 12.27; 13.1; 17.1). Cristo morreu para remover o pecado (1Pe 2.24; 2Co 5.21), satisfazer a justiça divina (Rm 3.24-26) e revelar o amor de Deus (Jo 3.16; 1Jo 4.10).

A morte de cruz tinha três características:

Ela era dolorosíssima. Era a pena de morte aplicada apenas aos escravos e delinquentes. Havia um adágio que dizia que uma pessoa crucificada morria mil mortes. Muitas vezes, o crucificado passava vários dias pregado na cruz e morria lentamente com câimbras, asfixia e dores atrozes.

Ela era ultrajante. A pessoa condenada era açoitada, ultrajada e cuspida e, depois, tinha que carregar a cruz debaixo do escárnio da multidão até o lugar da sua execução.

Ela era maldita. Uma pessoa que era dependurada na cruz era considerada maldita (Dt 21.23; Gl 3.13). Assim, enquanto Jesus estava pendente na cruz, embaixo Satanás e suas hostes o assaltavam; em volta os homens o escarneciam; de cima, Deus o cobria com um manto de trevas, símbolo de maldição e de dentro prorrompia o amargo grito: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” De fato, Cristo desceu a este inferno, o inferno do Calvário. O Senhor da Igreja consentiu em terminar sua vida num patíbulo romano e do ponto de vista judaico, morrer sob condenação divina. Assim, Jesus nos conduz como num imenso mergulho, dos mais elevados píncaros aos mais profundos vales, da luz de Deus para a escuridão da morte.

Mas, não devemos olhar a morte de Cristo na cruz apenas sob a perspectiva do sofrimento físico. A grande questão é: por que ele morreu na cruz? Cristo não foi para a cruz porque Judas o traiu por ganância, porque os sacerdotes o entregaram por inveja ou porque Pilatos o condenou por covardia. Ele foi para a cruz porque o Pai o entregou por amor e porque ele a si mesmo se entregou por nós. Ele morreu pelos nossos pecados (1Co 15.3). Nós o crucificamos. Nós estávamos lá no Calvário não como plateia, mas como agentes da sua crucificação.

A cruz de Cristo é a maior expressão do amor de Deus por nós e a mais intensa expressão da ira de Deus sobre o pecado. O pecado é horrendo aos olhos de Deus. A santa justiça de Deus exige a punição do pecado. O salário do pecado é a morte. Então, Deus num ato incompreensível de eterno amor, puniu o nosso pecado em seu próprio Filho, para poupar-nos da morte eterna. Na cruz Jesus bebeu sozinho o cálice amargo da ira de Deus contra o pecado. Na cruz Jesus foi desamparado para sermos aceitos. Ele não desceu da cruz para podermos subir ao céu. Ele se fez maldição na cruz para sermos benditos de Deus. Ele morreu a nossa morte para vivermos a sua vida!
Rev. Hernandes Dias Lopes
***
Em Cristo,
Mário