terça-feira, 15 de junho de 2010

Atos proféticos?

Esse modismo pseudopentecostal tem conquistado até pastores da Assembleia de Deus que se esqueceram dos Atos dos Apóstolos



Há algum tempo, uma celebridade gospel andou “profeticamente” como um animal quadrúpede em cima de um palco, como se fosse uma leoa. Depois, em outro “ato profético”, ela “pisoteou” um rapaz que representava o Diabo. E, recentemente, a mesma “adoradora” comprou uma bota de cowboy para esmagar “profeticamente” os principados que supostamente dominam as cidades de Dallas (Estados Unidos), Madrid (Espanha) e Barretos-SP (Brasil).


Num dia desses, assistindo a um programa assembleiano que vai ao ar no sábado pela manhã, fiquei pasmo. Vários “atos proféticos” foram apresentados com a maior naturalidade, como se fizessem parte da liturgia do Movimento Pentecostal. Sinceramente, é triste ver igrejas ditas cristãs, evangélicas ou pentecostais voltadas ao misticismo.

Os “atos proféticos” estão na moda, inclusive em algumas igrejas tradicionais, como a Assembleia de Deus. E eles estão ficando cada vez mais exóticos. Certo pregador (pregador?) assembleiano (assembleiano?) — não me pergunte o nome dele — anda dizendo por aí que, ao ter chegado a uma cidade, e percebendo que havia uma nuvem negra sobre ela, resolveu, num “ato profético”, percorrer a cidade inteira de carro, rua por rua, derramando azeite por onde ia passando! Já pensou se a moda “pega”, e alguém resolva ungir megalópoles como Nova York, São Francisco, Londres, Paris, Johanesburgo, Rio de Janeiro e São Paulo?! Haja azeite!


Recentemente, fui convidado para ministrar a Palavra em uma Assembleia de Deus — não me pergunte onde —, mas acabei não pregando. Quer saber por quê? Era um dia de eleições, e o pastor resolveu fazer um “ato profético”. Enrolou-se na bandeira do Brasil, “profetizou” vitória sobre a nossa nação, ungiu a bandeira e depois pediu para todos os presentes, um a um, “profetizarem” bênçãos para o Brasil, representado pela bandeira estendida...


Resultado: como o tal ato pretensamente profético durou mais de uma hora, não houve exposição da Palavra de Deus nem manifestação do Espírito Santo (1 Co 14.26). Ocorreu também uso indevido da unção, pois à igreja neotestamentária, nesse tempo da Graça, a única unção com óleo (literalmente, falando) que se aplica é a que se ministra no momento da oração pelos enfermos (Mc 6.13; Tg 5.14).


O que está acontecendo com a quase-centenária Assembleia de Deus e com outras igrejas tradicionais, que sempre valorizaram o estudo da Palavra de Deus, a oração e a evangelização? É necessário mesmo adotar práticas místicas para o recebimento das bênçãos do Senhor? A adoração pura e simples, o louvor e a intercessão perderam a eficácia? E a pregação expositiva ungida, não funciona mais?


É preciso mesmo que empreguemos no culto toda a parafernália mística de falaciosos movimentos que supervalorizam as experiências exóticas, em detrimento da obediência aos princípios, mandamentos e doutrinas da Palavra de Deus? O Evangelho de Cristo é simples (2 Co 11.3,4). Temos de orar e jejuar, amar e estudar as Escrituras, bem como sair das quatro paredes, levando a mensagem da cruz ao mundo perdido (1 Co 1.18,22,23; 2.1-5).


Portanto, digamos “não” aos “atos proféticos” — que infelizmente têm conquistado até pastores da Assembleia de Deus que se esqueceram dos Atos dos Apóstolos —, os quais só servem para afastar o povo de Deus da Palavra e da simplicidade do Evangelho, gerando falsa espiritualidade e pseudo-avivamento.


Ciro Sanches Zibordi
FONTE: CPADNEWS-BLOGDO CIRO

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